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O seu condomínio tem algum/a funcionário/a que apresenta alguma destas características ou várias delas?
- Faz as coisas no automático ou quando mandam;
- Vive no celular;
- Não é simpático, nem prestativo;
- Deixa falhas no serviço;
- Demonstra uma baixa energia;
Provavelmente ele ou ela não reconhece valor, sentido, nesse trabalho ou não se sente reconhecido; pode nem saber que isso é um problema. Pior: não tem ideia de que é substituível.
Numa época em que há um enorme desemprego, e nada indica que isso irá mudar tão cedo, tornar-se importante, ser reconhecido, apreciado pelos moradores e pelo síndico; isto é um fator importante para a empregabilidade.
Em um condomínio, em geral, que tipo de empregado encontramos? Pessoal de baixa qualificação, pouca escolaridade, que não tem ideia da importância de seu trabalho, apenas reproduz, quando muito, aquilo que lhe foi transmitido.
Além disso, funcionários “desmotivados” podem se tornar “caros” para o condomínio, oferecem riscos por fazerem suas atividades “por cima” ou sem a necessária atenção. Um porteiro, por exemplo, que passa o tempo no celular ou vendo programas na TV, pode ser um risco por estar alheio ao que ocorre na rua e mesmo dentro do condomínio.
Um faxineiro que não faz bem a limpeza dos ambientes deixará moradores descontentes. Um funcionário que cuida da manutenção que também não faz bem seu trabalho poderá provocar riscos de acidentes, quebra de equipamentos, enfim, gastos a mais para o condomínio.
Quem pode mudar este estado de coisas e esse empregado se tornar consciente de sua importância para o local onde trabalha? A questão da motivação é um assunto complexo e só o próprio empregado pode se tornar consciente disso.
Bem, e o que fazer então? Como fica o síndico ou a síndica nesta história? Óbvio que ele ou ela, pela sua importância e seu poder pode interferir nesta atividade. Porém, por desconhecer como modificar esse estado de coisas, acaba por conduzir os serviços do jeito que dá ou que está acostumado.
Poderá não fazer nada, “lavar as mãos”, esperando que as coisas melhorem por si mesmas; ou poderá orientar, corrigir, chamar a atenção e, depois de fazer isso muitas vezes, demitir o funcionário e contratar outro. Isto resolverá o problema? Pode ser que sim, pode ser que não.
Trabalhar pode ser uma atividade muito gratificante ou algo chato, desagradável; serviços repetitivos são pior ainda, sem falar em trabalhos penosos ou que oferecem riscos à vida.
Pois bem, mas o que é o trabalho?
Você sabia que trabalho significava um instrumento de tortura? Vem do latim: tripallium, que significa “três paus”, instrumento de tortura de pobres e escravos que não podiam pagar os impostos. Quem trabalhava eram pessoas sem posses. Obviamente o conceito evoluiu, mas muita gente ainda entende o trabalho como uma coisa chata, que vai empurrando, faz do jeito que for possível e garante o salário do mês. Perde-se a oportunidade de vivenciá-lo como uma atividade valiosa e importante, que pode dar sentido à vida, além de garantir a subsistência.
Então, o que o síndico pode fazer? É importante saber a distinção entre fatores higiênicos e fatores motivacionais. Frederic Hezberg fez um estudo aprofundado que define estes dois fatores:
- Fatores Higiênicos (extrínsecos ao indivíduo): aumento de salário, benefícios, tipo de supervisão, condições de trabalho, etc. Tudo isto é importante e se não tem é muito desmotivador, mas se tudo isto for oferecido em pouco tempo cai na normalidade e não funciona como motivador.
- Fatores Motivacionais: (intrínsecos ao indivíduo): perceber o valor, o sentido no que faz, no trabalho, sentir-se reconhecido e valorizado, perceber como uma oportunidade de crescimento na carreira ou como ser humano, etc. Ou seja, é importante que o próprio funcionário perceba isto e se empenhe em dar o melhor de si para se sentir recompensado.
Conhecendo estes fatores o síndico pode desenvolver várias ações que, no seu conjunto, poderão estimular o empregado a encontrar satisfação e motivação no trabalho:
- Primeiramente procurando fazer boas contratações. O processo de Recrutamento e Seleção é muito importante; é preciso fazer um processo bem feito que, minimamente, garanta um empregado adequado a uma necessidade do condomínio. É importante conhecer o Tipo Psicológico do funcionário, saber que tarefas ou atividades são favoráveis ou desfavoráveis. Se a tarefa designada for favorável ao seu tipo, ótimo; se não for é preciso apoio, encorajamento, desenvolver sua resiliência e, ao longo do tempo, ver se pode dar outra atribuição e, em último caso, ver se não é o caso de buscar outra profissão mais adequada.
- Treinar e retreinar seu pessoal, de forma que esteja seguro que eles apreenderam bem o serviço e saibam da sua importância.
- Fiscalizar de forma periódica, corrigir e chamar a atenção para o que não está bem.
- Reconhecer trabalhos bem feitos e elogiar, quando for o caso.
- Elogie também quando perceber que estão fazendo um esforço de se autodesenvolver, seja através de cursos, leituras, etc.
- Mantenha os ambientes de uso dos funcionários em boa condição, limpos, agradáveis, com os equipamentos funcionando, de forma que se sintam valorizados.
- É bom fazer reuniões periódicas, avaliar o andamento dos trabalhos e ouvi-los; escutar suas reivindicações e pontos de vista é fundamental e um aspecto importante para sua valorização. Procurar atender aquilo que for possível e quando não for explicar o porquê.
- Recomendo ainda, pelo menos uma vez por ano, reunir todo o pessoal, fazer um almoço ou café da manhã; se tiver oportunidade convide alguém para fazer uma palestra para que eles possam se sentir valorizados e reconhecidos.
É importante que o síndico ou a síndica saibam que em qualquer ambiente existem jogos de poder com funcionários que procuram, às vezes até inconscientemente, estabelecer uma relação de autoridade sobre os colegas; isso é natural a qualquer agrupamento humano. O síndico deve estar atento e ao perceber isso procurar neutralizar, ou melhor ainda, usar esse tipo de situação para uma melhoria nos serviços e no relacionamento entre os funcionários.
Para quem tiver interesse pode me contatar que terei prazer em esclarecer melhor ou realizar algum treinamento sobre esta temática.